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terça-feira, 2 de julho de 2013

O terreno

O coração em que você escolheu morar, hoje está cheio daquela areia fina da obsolescência.
Em volta, alguns metros de arame farpado. 
Um portão com a placa: proibido adentrar-se.
Ao longe alguns latidos.
E um paninho para limpar a espingarda.


Mas se olharmos bem:
A cerca não dá choque.
O portão está podre pela chuva. 
O cachorro não se levanta; desistiu de livrar-se da corrente. 
A arma, um belo objeto de decoração.

Terreno triste, desesperançoso e baldio
mas com batom, perfume e o tempo livre de um vadio. 
Ou seria, quem sabe, justamente o contrário?
Casa bonita, cheia de amor que só precisa ser libertado.

Alguém disposto a limpar esse lugar sombrio? 


Procura-se:
Alguém que leia salmos pra quem tampa os ouvidos e não quer levantar da cama.
Que seja nobre e encha a casa de flores, mesmo contra a vontade do proprietário.
Que suporte temores e rabugices de um coração que estava infestado.
Que seja virtuoso e saiba que leva-se um tempo até que os pássaros voltem a frequentar o jardim.
Que seja espirituoso, astuto e insista na reforma mesmo assim. 
Que seja bondoso gastando um pouco do seu tempo investindo em felicidade. 
E altruísta a ponto de ser egoísta. - ignorar o medo alheio com paciência e vontade.

Não é preciso ser forte para derrubar um portão já caindo aos pedaços. 
É preciso visão, observação, amor, cuidado.
Coração partido não confia de novo por conta própria.
Ele quer ver no outro o que perdeu faz tempo: confiança, coragem.
Pois é assim que se restaura um terreno abandonado:

Não se bate na porta. Você o invade.   


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Certa vez ouvi um escritor dizer que joguinhos de amor não compensam, porque jogos foram feitos para pelo menos um dos jogadores perder, já o amor não. O amor foi feito para os dois ganharem. 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Esquecer

Cena do filme Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças


‎"O melhor é esquecer de tudo, quando uma mulher se volta contra você. Elas podem te amar um tempo; mas um dia dá um click, e, então, veem você morrendo atropelado na sarjeta e ainda cospem em cima."


Romance Mulheres - Charles Bukowski




Som: Mil perdões
Recomendo o filme nacional Como esquecer

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Cura-me




Quando a gente pede a Deus que chova um pouquinho de amor na nossa vida, a gente não pensa que assim também seremos a chuva na vida do outro. Na nossa pobre imaginação, o amor é só nosso; uma musiquinha romântica escrita especialmente pra gente, uma cama de solteiro desarrumada, uma tarde trocando carinho e assistindo sessão da tarde. Na nossa cabeça, a gente nunca é a salvação do outro; nunca é a borracha pr’um eventual coração rabiscado que possa aparecer.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Simples, como deve ser




Quando parei de pensar, de odiar, de arquitetar e tentar esquecer, fui sentir sua falta. Hoje eu não to a fim de me perturbar com questões como “gostar ou deixar de gostar de alguém é apenas um hábito” ou se “meu orgulho é maior que o meu amor”, e sei, que agora em mim, só resta a vontade de fazer a conversão. Dar meia volta, e te buscar.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Prazeres Amelísticos



Canção: Elephant Gun - Beirut 
(juro que procurei uma música que não soasse tão clichê. Mas não teve jeito. O texto é clichê, eu sou clichê)


Me leve a Paris. Veneza, Buenos Aires, Diamantina. Qualquer lugar onde as ruas sejam tão limpas, frias e preenchidas de tons cinzas e terrosos. Você escolhe. Depois, me leve ali, naquele barzinho de clima tão contrário às ruas; de interior vermelho, quente, com som de cabaré.