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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quando você não vem...



03:01 am. Ainda acordada, procurando resposta pra minha falta de sono; já que estou tão confortável com minhas roupas leves e surradas, de vestir quando você não vem.  O cobertor, quentinho como eu gosto. Uma das pernas se exibindo pra fora com duas finalidades: a primeira, controlar a temperatura do corpo que se sente sufocado; a segunda, agarrar esse travesseiro que não é você, mas que finjo ser você.  É nessas horas que seus ombros frios me fazem falta.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O bilhete



Com aquele português correto de quem não quer se revelar confuso,  lançou as seguintes palavras aparente e propositadamente secas: 

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Apesar de dizer que eu estou mudado com você, suas atitudes não mudaram em relação a mim; você continua doce. Desculpe perguntar desse jeito, mas você sabe né, gosto das coisas muito bem claras. Você pretende cultivar esses sentimentos ainda que os fins sejam improváveis
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Juro! Foi assim mesmo. Um bilhete estranhamente formal. Com ponto e vírgula e tudo mais.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

John



Para entender quem é John

São Pedro, anota aí: mais uma mulher implorando uma garoazinha que seja na horta dela. Já apelou pra Santo Antônio, mas esse anda ocupado demais. Poxa, ela só queria alguém inteligente, que a fizesse rir, bonito e carinhoso, só. Ta.. agora eu entendo o porquê da demora pra esse moço aparecer. Com toda essa responsabilidade, ele não poderia ser qualquer um. Mas você sabe, a situação ta feia pra todo mundo, almas-gêmeas não nascem no pé. Paremos de lamentar e vamos logo entender o que se passa!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Bem-vindo ao nosso mundo!




Tudo bem...sou obrigada a concordar com você. É... isso mesmo que ouviu. A rainha da teimosia baixou a guarda. Você venceu, nunca esteve tão certo! O mundo não é perfeito, sonhos engordam e as pessoas não prestam. Como quiser!  Eu devia ter te escutado quando disse que nesse mundo não se pode confiar mais em ninguém e que sonhos como os meus têm prazos de validade. Até debochar de Clarice Lispector, você debochou, só porque a coitada dizia acreditar em anjos. Vê se pode. E terminou seu discurso jurando que, um dia, me receberia de braços abertos com uma faixa estampando o seu mais novo lema: Welcome to the real world.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

No mais, estou indo embora




Sonhos como os de Caetano. Ouça: Sonhos


Sou romântica, não burra – disse no desembarque. Ajo porque sou mulher, apaixonada, com sede ensandecida de emoções. Sonho, arquiteto, esqueço o resto do mundo. Me jogo, arrisco, dispenso qualquer aviso prévio, interno ou externo, de que eu vá quebrar a cara.  Digo que lhe quero, assim, na lata, pondo em risco o protótipo de orgulho que construíram queimando soutiens nas ruas e te alimento com minha maneira exagerada de sentir. Por você, meu bem, só por você.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O céu de Sabinópolis



O céu de Sabinópolis é lindo, especialmente à noite. Preto feito o fundo das panelas que vó usa lá na roça pra fazer cuscuz. Cheinho de queijo e rapadura. O cuscuz, não o céu.

Sabinópolis, pra quem não sabe, é uma cidadezinha escondida bem ali, protegida pelas montanhas ciumentas de Minas Gerais.  Alí moço, não ta vendo? Do lado de Guanhães, pertinho do Serro, viu? Viu não? Pois é. Sabinópolis . Tão pequena que termina na mesma rua que começa. Coisa que não acontece com o céu daqui. Este é redondamente vasto, inacreditavelmente infinito. Um só imenso céu pra pouco mais de 15.000 sortudos Sabinopolenses. Só os bobos cansados de histórias dormem quando a lua acorda.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Só mais uma de amor



                                                  Meus desenhos - Milena Caetano

Apareceu sem pedir licença. E mesmo sem perfume, voz ou mãos, dominou todos os meus sentidos. Eu sei... é difícil entender com todos esses códigos, mas me perdoem, não há outro jeito de explicar essa história. Ela nasceu assim, incomum. E incomum seguirá vivendo; desafiando as leis da física, da sociedade e da sua fértil imaginação, caro leitor. Para os resistentes, aqui começa mais uma dessas de amor.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Diagnóstico: Bem de Alzheimer

"... é o momento em que você fecha os olhos e apaga qualquer vestígio do seu passado sem graça."


Os românticos não costumam existir antes de encontrar o amor. Fenômeno quase biológico esse de esquecer o que se passava na própria vida antes de encontrar o remédio, digo, a pessoa amada, que matará sua solitária.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dá um tempo

"...não desperdiçaria a chance de lhe perguntar o porquê de ainda se encaixar perfeitamente na minha vida de amanhã."
Escute:  Devolva-me - Adriana Calcanhoto 


Dois meses após o que eu concluí ter sido o fim, do conto de fadas e não do que nos une, pensei que tudo de mais fantasioso que envolvia você havia se esvaído. Nem me lembrava o quão lindo havia sido, que despertador eficiente fora você em minha vida. Cheguei a esquecer aquela cicatriz, bem acima do peito esquerdo, de onde vinha o bater acelerado nas horas em que você invadia meu quarto com todas as suas graças e convencimentos. A cicatriz a qual me refiro é um flashback do dia em que me fiz aceitar que dessa vez não era paranoia. Nada que eu fizesse poderia reverter a situação. Você estava indo.