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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O pulso ainda pulsa




Tem dias que paro alguns minutos antes de render meu corpo cansado ao sono e ponho dois dedos, unidos, acima do meu peito  esquerdo, só pra conferir mais uma vez se o coração ainda pulsa. Nos tempos de hoje, paradas cardíacas no seu sentido mais poético e menos diagnosticável são cada vez mais recorrentes. Corações saudáveis têm freado por qualquer projeto que se vai ou por qualquer grande lembrança que fica. Por amores de rotina ou por qualquer um.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Comédia romântica


Meu quarto quase sempre permanece escuro, sozinho e triste. É assim que eu gosto dele. Pra deitar, ligar a TV e não prestar atenção. Eu preciso dela amenizando a escuridão e dizendo que o mundo continua acontecendo. Gostaria que você não estivesse aqui, mas a chuva lá fora aromatiza o cenário e varre minha mente. Eu precisava de um tempo pra entender o que está acontecendo, mas infelizmente sua voz até me acalma e não me deixa te deixar ir embora. O incenso distraidamente afrodisíaco tranqüiliza e muda o foco das minhas tensões. Eu gosto de respirar essa paz.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Para quem sempre tem razão



E então surgem faíscas entre nós. Não de paixão, mas de contrarreforma. Chateada, eu não faço mais questão de lhe entender. Estou no meu limite, cansada, sem paciência nenhuma pra ouvir suas desculpas, e num ímpeto de moça brava do interior, tampo os ouvidos pra qualquer ruído de paz. Eu não quero fazer as pazes. Não quero bancar a compreensiva. E acho que é hora de por ordem nisso que chamam de "sua vida" que na verdade é minha. Pra isso, eu preciso que guarde o que tem pra me dizer. Tenho pedido isso nos últimos trinta dias.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Instituto Universal




Ser feliz não é tão fácil como dizem por aí. Sentar na grama enquanto a brisa refresca seu rosto nem sempre é o bastante pra nos tocar. É legal essa parada de Dalai Lama e talz, mas até as coisas simples da vida perdem o efeito que têm sobre nós quando repetidas sem critérios. Às vezes a gente só precisa estar atento e descobrir novas fontes de felicidade.

domingo, 2 de outubro de 2011

Última tentativa




Depois de tanto clamar nosso amor e o julgar diferente e mais bonito que os outros, depois de tantos dias aprendendo a não ser tão impulsiva e apaixonada, eu não ligo de me contradizer buscando aquele ardor do início. Este é um momento derradeiro em nossas vidas e não quero que perdamos o resto daquela ternura que, arrisco dizer, só nós tínhamos. Fico lembrando um dia bonito em que você jogou fora todo o amargo e pediu sem pudores que eu ficasse. Sabe, amor, aquela foi a vez em que mais senti ternura saindo de sua voz. Ternura sincera de quem realmente não queria que eu partisse. Foi quando me emocionei por ter o cara mais imperfeito do mundo ao meu lado. Hoje, depois de tanto tempo, não sei se você seria tão doce assim, a ponto de não brigar pra estar sempre certo, custe o amor que custar.