Páginas

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Desculpe o auê


Música da reconciliação: Desculpe o auê 



Mulheres surtam.

Sério mesmo. Piram o cabeçote, fazem a loca, até que resolvem se inserir no nosso grupo de apoio a mulheres que amam demais anônimas, o famoso MADA. Tudo por conta daquele sentimento estressante que deixa o peito espremido sempre que alguma vagaba se engraça pro lado do seu respectivo homem. Ta, foi mal. Desculpe-me pelo vocabulário, mas é que a gente fica assim, possessa. Perdemos a pose, descemos do salto. Viramos bicho.



Tudo devido a essa mania insuportável dos homens de serem simpáticos com outros seres que não nós e que ainda por cima usam saia. Não é, meninas?! Podem falar. Aqui ninguém vai recriminar vocês não. Nosso intuito é justamente ajudar umas às outras a superarem esse vício.

Porque a maioria não chega a ser uma Ivete da novela da tarde ou uma Heloísa de Mulheres Apaixonadas. Nunca quebraram uma garrafa na cabeça de alguém e nem chegaram a ser chamadas para o Casos de Família no SBT. Isso  graças à sociedade, que cobra que sejamos ao menos civilizadas e falemos baixo. Mas enfim, que chegando em casa, livre dos preceitos moralistas e principalmente judiciais o sangue ferve e o bofe sofre, disso ninguém pode duvidar.

Sua mulher sofre, sangra, chora, xinga e pede colo, tudo na mesma sentença, como um código feminino pra ser ouvida, um dialeto que os homens dizem não entender. Ahan, não se façam de sonsos. Eu sei muito bem que vocês entendem os urros de contrariedade e revolta. Só têm preguiça de se defenderem, assumam. Eu também teria. E com certeza preferiria mil vezes dar um fim ào barraco conversa de uma vez por todas, caso tivesse o potencial de voz de vocês. Uma tarde de sossego, sem cobranças, a não ser é claro as do futebol, é tudo que vocês exigem.

Mas enfim, meu foco não é a briga, e sim o estágio pós-operatório. Aquelas horinhas depois em que você nem se lembra mais do porquê da discussão sem nexo, mas continua com aquela cara emburrada, só pra não perder a coerência. Quer saber, mulé?  Não pense que orgulho e amor próprio são sinônimos. A vida nem sempre é assim tão idônea. Bote aquela música pra lhe acalmar os ânimos, ajeitar os hormônios em fila indiana, ninar a alma aflita.

Deixa Rita Lee fazer fagocitose em tudo que é prejudicial, infantil e desnecessário dentro de você. Permita que seu coração se desmanche bem rápido. Não ligue de ser confundida com um pudim e devorada com cobertura de “para de besteira” pelo mesmo homem que trocou seus berros pelo futebol. Vá ficando assim, sem forma, sem autoridade, sem pretensões.

Se renda, digerindo as certezas, enganos, verdades, mentiras, roteiros, não sei. Desfaça das mágoas que preencheriam um texto, do nada, como se nada tivesse acontecido e deixe que ele entre no seu ritmo sem saber de onde você surgiu e o que fizeram com a namorada birrenta que acabou de bater a porta do quarto.

Aproveite que ele quase lhe mandou pro espaço, volte trançando as pernas, com meias coloridas e pouca roupa, uma escova na mão fingindo ser microfone e uma cara de menininha do papai que nunca arca com as conseqüências e respire no ouvido dele: “Da próxima vez eu me mando, que se dane meu jeito inseguro. Nosso amor vale tanto. Por você vou roubar os anéis de saturno.” 

E aí vamos ver...  se ele perdoa ou não perdoa o seu auê.

-

3 comentários:

  1. Os hormônios em fila indiana. Que sacada interessante. Beijos moça linda.

    ResponderExcluir
  2. Mulheres são muito estranhas,por isso sempre prefiro o silêncio!!!Sério!Quando rola uma briga eu me calo e espero a situação se resolver por si mesma,já que jamais vi uma destas discussões buscarem uma resolução coerente e definitiva!É realmente muito estranho!Uma conversa que dura duas ou três horas só servem para expor nossas falhas de caráter,mas a resolução não vem!
    Sua sinceridade e transparência continuam sendo um atrativo e tanto(é claro que a maneira como vc encaixa as palavras faz tudo virar um show!).Você se expõe com uma ironia que suaviza qualquer pieguice, ou melhor, transforma esses pequenos dramas em delícias literárias!
    Muito bom,e isso não é nenhuma novidade!!!
    Abração!!!

    ResponderExcluir
  3. Ei Cleber, brigada, moço! É bom receber um elogio de quem tem um modo tão peculiar e instigante de escrever :)

    Anderson, que engraçado esse desabafo seu. hauhahuah. É ótimo pra eu entender um pouco mais os homens e seus discursos híbridos de praticidade e cara-de-pau x)
    Muito obrigada pelos elogios. Que ótimo que vc se identifica, assim nao fico me achando uma inexperiente inventora de estorinhas surreais :)
    Seus comentários sao ótimos.

    Abraços

    ResponderExcluir

Caso você não tenha um blog ou qualquer outra conta, marque a opção ANÔNIMO em Comentar como, logo abaixo do quadro onde você escreverá seu comentário.

Deixe aqui a sua opinião. Ela é importante pra mim =D