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sábado, 2 de abril de 2011

Aceitar é preciso


Era 04 de outubro quando você não me quis mais. Aliás, nem sei se um dia você me quis de verdade.  Doeu. Desliguei a TV, me virei para o canto e um nó na garganta não deixou a dor passar em branco. Pelo menos isso, já que não cheguei a chorar, eu acho.

Está certo, queixei-me um pouco, mas logo percebi que  qualquer atenção que eu conseguisse roubar seria migalhas. Se você preferia garantir um futuro realizado, com qualquer outra mulher, sem dificuldades ou emoções demais no amor e filhos que não titubeassem ao decidir entre o seu glorioso alvinegro e o meu guerreiro azul-celeste, ok, que fosse em frente! Eu não teria mesmo mais coragem de interromper seus planos e jamais quis que você me quisesse por conveniência. Só facilitei a vida. Minha e sua, acredite.

Precisávamos mesmo de um tempo. Essa é a verdade. Agora, mais do que nunca, você sabe o que quer e o que precisa. Eu quero sentir que você me quer, mas preciso que tenha certeza disso.

Bem... hoje vou falar sobre o outro lado da moeda: uma resposta ao texto Diga não!, como sugerido por um leitor. A difícil tarefa de entender um NÃO. Em textos como O bilhete, Vá, mas volte ou Por enquanto, falo de mulheres que não desistiram do relacionamento no primeiro desentendimento. Neste, falarei sobre os NÃOS que não merecem ser transformados em SIM. Daquelas histórias sem viço, que perderam o doce e o azedo, ficando apenas o salgado e o amargo com o passar do tempo.

Neste caso, um pouco de orgulho não fará mal a ninguém. Às vezes, por mais doloroso que seja, é preciso descansar um pouco, dar um tempo pra nós mesmos e nossos sonhos faraônicos. Aliviar-se dessa busca sem lógica. Por em prática a arte do desencanto. Nada de cozinhar em fogo brando o sentimento. Quando se percebe que não há futuro, mude de rota.

E não espere que eu diga pra se acalmar, que tudo na vida passa e você encontrará outra pessoa. Na verdade, vai passar sim, mas você nem se importa com isso, não é mesmo? Outra pessoa não servirá no momento. Tudo que você quer se resume a um par de olhinhos específicos e àquela vozinha chata e melosa que há poucos dias ecoava nos cômodos da sua casa. 


Por enquanto, o único direito lhe concedido é o de chorar. Nada mais justo e renovador. Não minta pra si mesmo se fazendo de forte antes do tempo. Não leia a Revista Capricho ensinando dez passos para superar o fim do relacionamento. É normal sofrer. E no final das contas, aceitando ou não,  sua dor vai amenizar. Não é questão de procurar, mais cedo ou mais, outra pessoa aparecerá na sua vida.

Portanto, se alguém desmerece toda a sua atenção, aconselho: ligue o piloto automático. Não rasteje, siga. Ninguém é obrigado a sustentar suas carências. Ainda que os olhos de quem você ama sejam sua única fonte de luz, tropece na escuridão e siga em frente. Logo, logo os cristalinos se ajeitam.

Contente-se em atravessar essa rotina melancólica e cinza, sem atropelar os sentimentos naturais da vida, ainda que estes pareçam só te fazer mal. Deixe suas tardes de riso, suas brigas de casal e a canção de vocês nas mãos do tempo, que ele se encarrega de colocá-los lá no alto da estante, onde você ainda possa os ver, mas não tenha tanta vontade mais de pegar.


Nessas tristes circunstâncias, é o que eu posso fazer: metáforas, na tentativa inútil de explicar a situação. Porque entender talvez não seja a grande solução de tudo. Já aceitar, infelizmente, é preciso.

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