Que seja bom

Acabei de apagar a luz e me deitar. Ponho “Crazy”, uma das músicas mais sexy que já ouvi, pra tocar, porque é nesse ritmo que eu quero levar a vida. O ano ainda não acabou oficialmente, mas antes que isso aconteça, já percebo que não é exatamente disso que eu preciso pra mudar, ou ser feliz ou fazer quem está a minha volta feliz. Há alguns longos e adoráveis dias que não olho pro calendário.

Olá ano novo, prazer! Que você seja bom. E será. Eu o farei assim. Na falta de calcinhas e cuecas brancas, amarelas ou rosas, traga você mesmo muita paz, dinheiro e amor para seus novos dias.   

Bem, alguém do qual desconheço o rosto, o nome e as intenções sentiu minha falta aqui no blog e quis que eu apresentasse você, 2012. Só escrevo esse texto agora, querido blog, por causa de um certo Anônimo assíduo, como ele mesmo se intitula. Mas não sei se faço certo. Ando com a cabeça meio crazy ultimamente, e é perigoso sair por aí disseminando minhas ideias loucas pro futuro que, concordo com a Globo, já começou.

É que eu mudei um pouco. Acho que todos mudaram. 2011 foi lindo, me fez chorar e sorrir. E a parada é que.. bem, to meio sem jeito de dizer, eu.. é.. como posso dizer isso? De uns tempos pra cá.. ando meio.. nem aí pro amor. Pronto, falei.

E é isso mesmo que você ouviu. Eu, a garota apaixonada do blog, que segundo leitores que encontrei por aí sofre de dor de cotovelo e que exalta sem vergonha o amor que é a essência da vida, deixou um pouco de lado, sem remorsos, qualquer vestígio daquilo que move o mundo, o mais nobre dos sentimentos, aquilo que dá sentido a esse novo ciclo que se inicia.

E como começar um novo ano sem esperar nada do amor? Como não saltar ondas, estourar champanhes ou contar de dez a zero sem esperar que alguém apareça na multidão e tampe seus olhos perguntando quem é?

Eu ainda não sei. Como toda boa lagarta, venho sofrendo alterações.Sem mágoas, nem rancor, acredite. Apenas tomei jeito de moça de vinte anos e fui fazer coisas de moça de vinte anos por aí. Assim como você rapazinho ou mocinha de trinta, quarenta, cinqüenta anos deveria fazer. Hoje mesmo, dia 31. Antes que o ano acabe. A qualquer hora.

O amor é bom. Mas ficar preso a ele e a suas algemas que machucam às vezes faz mal. Eu queria sair por aí dizendo a cada menininha ou menininho apaixonado que é preciso tomar sol de vez em quando. E planejar novas coisas. Ou talvez não planejar nada. Esquecer calmo e forte o que não é pra você e dar uma chance pro discreto, simples e inimaginável modificar sua vida. "Em vez de desejar o olhar que te exaspera, procura esse outro olhar que te espreita e te espera, que há, por certo, um olhar que espera pelo teu...".*

Nem tudo acontece como queremos. Ano passado, por exemplo, eu tinha a meta de ficar gostosa. Entrei na academia e com um mês e meio aceitei que meu destino é ser sedentária. Este ano quero ganhar dinheiro, ser independente dos meus pais. Tentarei. Sei também que tenho 365 dias pra aprender tudo aquilo que aprendi pela metade em 2011, como tocar “Don’t go away” na gaita ou resolver um cubo mágico. Prometo que sairei mais. Não pararei um dia de festa em casa. E o resto vou planejando com o tempo.

Sou a favor de cumprimentos de contratos e que todos arquem com seus compromissos, obviamente. Mas quando não se carrega promessas nas costas, fica mais fácil mudar de caminho a qualquer hora. 2012 está aí pra que você faça dele o que quiser.

Hoje eu to assim, disposta a conhecer gente nova e me divertir, sem crises ou posses do amor. Amanhã, se der na telha, volto a querê-lo incessantemente, justamente com suas complicações e discussões de ciúmes. Porque se for pra me fazer feliz, será sempre muito bem-vindo.

* Menotti Del Picchia