Páginas

sábado, 20 de agosto de 2011

O amor não



E de repente o mundo me abandona. 

O amor não. Esse daí é um gás lacrimogêneo, invisível e inodoro, constantemente dentro de mim. Fica preso e escondido quando quem te faz promessas dorme, quem te dá presentes engana, quem não faz questão some. Me diz, já se sentiu só? Sério, esqueça o que pensa de mim. Esqueça a opinião que tem de meus textos, infantis, desprezíveis ou idolatráveis. Me encare como alguém que chora, que não sabe o que escreve. Vamos lá, apenas Menudos não se reprimem. Domingo seria um ótimo dia pra dormir e não entender de onde brota tanta falta de razões pra ser feliz. Mas eu to aqui, tentando estabelecer uma comunicação com alguém que não me avalie.

Soa como depressão ou tristeza vaga. Não sei se é. E se for, que seja. Eu sinto falta. Não sei de quê. Quero abraçar, ser amada, amar. Quero uma comédia romântica agora e me desmanchar sem ninguém ver. Mas o mundo às vezes é cruel. O amor virou tóxico, a leveza do meu ser se tornou insustentável.

É estranho. De repente acorda-se assim. Se tem sorte, tem uma caixa de bis ao lado da cama. Se tem sorte, não tem internet. Nada no mundo é tão venenoso e deprimente quanto. Você se isola e não sabe se faz bem. Abomino a solidão que tanto amo, pois hoje ela não tem teor de remédio. Escrevo um texto sem vergonha de doer em público. Preciso de movimento e torço pra que chegue segunda-feira. Tenho febre.

Já diria Facundo Cabral, “não estás deprimido, estás desocupado”. Seminários sobre organização do trabalho me dão lições sobre a vida. Pela primeira vez sou covarde e desejo não ter tempo de pensar. Desejo não ter o que escrever. Quero ser anormal e não brigar ou reclamar. Desejo alguém a quem recorrer. Se chegar com jeito, aceito qualquer mentira sincera, qualquer pedido de perdão, qualquer álibi. Estou fácil, frágil, acessível. Quero apenas não sofrer, abraçar minha amiga que mora longe, ligar pro meu pai e chorar de boca aberta. Se pudesse escolher, certamente optaria por ter vergonha de explanar essas baboseiras. Mas o mundo lembrou-se de me cutucar sem compromissos. E eu esqueci-me de esquecê-lo.

Estou assim e não me reconheço. Fraca na minha fase mais útil. Chorar mágoas não é mais familiar, pedir carinho soa estranho. Tenho medo de estar deixando de ser eu mesma. Há dias não sofria de paixão, não me envolvia com chantagens, más vontades. Logo eu que gostava tanto de mim. Há dias a maldade nos olhos não me afetava.

Sentimentos ruins não me alcançavam, mas agora estou aqui. Escrevo essa coisa sem noção, sem estrutura, sem amor, sem mim, torcendo pra que a segunda chegue logo. Expondo minha única face sem juízo claro, minhas raivas imprudentes, meu insensato coração, torcendo pra que domingo passe logo. Torcendo pra ter ninguém mais que você, me contornando com suas desculpas esfarrapadas e inaceitáveis.

Se tenho sorte, sou incapaz de me deixar abater pelo mal do amor ou pelo amor mau. Se tenho sorte recebo uma mensagem de um voluntário que vem me ver. Torço pra que esse domingo passe logo. O amor, por mais machucante e cruel que seja, não.

-

Um comentário:

Caso você não tenha um blog ou qualquer outra conta, marque a opção ANÔNIMO em Comentar como, logo abaixo do quadro onde você escreverá seu comentário.

Deixe aqui a sua opinião. Ela é importante pra mim =D