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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Só mais uma de amor



                                                  Meus desenhos - Milena Caetano

Apareceu sem pedir licença. E mesmo sem perfume, voz ou mãos, dominou todos os meus sentidos. Eu sei... é difícil entender com todos esses códigos, mas me perdoem, não há outro jeito de explicar essa história. Ela nasceu assim, incomum. E incomum seguirá vivendo; desafiando as leis da física, da sociedade e da sua fértil imaginação, caro leitor. Para os resistentes, aqui começa mais uma dessas de amor.

Ele ainda não sabia da minha espera de um ano pela chuva de meteoros e nem que, mais tarde, estaria se perguntando “Porra, a mocinha do boliche não acerta nem meu primeiro nome. Como essa menina foi descobrir meu sobrenome britânico e oculto?”

Não, também não havia provado da minha intolerância a erros gramaticais, quiçá da minha TPM–fora-de-época. Essa ele só foi conhecer quando o ingrato Gladiador Kleber cuspiu no prato que comeu e abandonou de forma desprezível o tão combatido, jamais vencido Cruzeiro. Longe de mim ser dramática, mas esse foi um momento muito difícil em minha vida; e ele esteve lá, firme e forte, batendo de frente com minha revolta depressiva e infantil.

Foi assim que ele se fez cada vez mais presente.

Na segunda, me aconselhou a não sair por aí acumulando desafetos. Na terça, falou de coisas que minha alma desconfiada e prevenida pensava só existir em contos-de-fadas. Na quarta, comentamos os gols da rodada e discutimos por bobagem.  Na quinta, se posicionou em defesa do meu estômago, me advertindo sobre os efeitos do chiclete e do café em excesso. Na sexta, prometeu converter minha santidade. No sábado, ao ouvir minhas palavras apaixonadas, se deu conta de que não precisava mais se proteger com aquela velha história de coração-de-pedra-descrente-das-pessoas.

E foi no domingo, quando abordou sentimentos e tombos, que eu fui conhecer seu jeito choroso de pedir amores tórridos e piegas. Chupa, Schopenhauer! Pasme, mulherada! Num século em que as pessoas vivem em pé de guerra, perdendo tempo e amor para defenderem seus respectivos gêneros e só se unem para rir do verso “é impossível ser feliz sozinho”; esse homem existe e resiste. 

Naquele instante, ele não sabia, mas apresentava um quase-extinto desejo, desses de moça do século XVII a alguém que desde pequena queria porque queria ser independente e nunca sonhara em dividir cômodos e contas pra pagar.

E foi assim que meus sonhos de menina, antes engaiolados, passaram a flutuar por aí, esbarrando nas nuvens, dando chance pra que começasse só mais uma dessas de amor.



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2 comentários:

  1. Primeiro lugar, obrigado por comentar no meu blog,é muito importante pra mim saber a opinião de outras pessoas, e elogios fazem muito bem à alma!!!Passei pra dar uma olhada no seu blog, e li meio apressado sua crônica, e realmente guria foi delicioso lê-la!Muito bom!!!Principalmente o chupa Schopenhauer!!!!Heheheeheh!!!Ele deve estar trocando uma idéia com o Nietzche pau da vida com sua frase!!!Abração!!!

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  2. Comentei no seu blog pq vc realmente sabe como fazer a diferença. Seus textos são como restaurações de um modo antigo de se expressar, e, apesar de ser muito dificil de ser feito, não é muito valorizado nos tempos de hj.

    Qto a Schopenhauer, bem feito! Quem mandou sair por aí semeando essas teorias frias e calculistas? XD

    Brigada pelos elogios e volte sempre!

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